Número de queimadas ultrapassou a marca de 107 mil em todo o Brasil. É o maior desde 2010, quando chegou a 121 mil.
Por Agência 24h*
Com o padrão de secas instalado no Brasil nos últimos meses, o número de queimadas aumentou significativamente e vem quebrando recordes comparado a anos anteriores. Mesmo que seja comum a diminuição das chuvas no outono e inverno, padrões de bloqueios atmosféricos e ondas de calor têm piorado a situação das secas que já chamam a atenção neste período. As informações são do portal Meteored.
Desde 1° janeiro até 25 de agosto, o número de queimadas registradas pelo INPE no Brasil chegou a 107.133 focos, sendo um recorde dos últimos 14 anos. O país só registrou tantos focos assim em 2010.
Comparado ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 75% em todo o território nacional, em números isso significa que em 2024 houve 45.969 focos a mais que 2023. O problema é que além do recorde, o período seco ainda não acabou e isso pode aumentar em números e em danos.
Padrão de seca e calor dos últimos meses
Desde o último período úmido, o país vem enfrentando meses consecutivos com chuvas abaixo da média e calor acima do normal. No ano passado teve influência do El Niño que gerou temperaturas mais elevadas e seca no Sudeste e no Centro-Oeste, assim como áreas do Norte e Nordeste.
Depois veio a neutralidade climática com expectativa de chegada de um La Niña nesse ano, o que até então reduziria o calor no Brasil central e ajudaria no período úmido também. Mas isso não aconteceu, o La Niña não chegou e provavelmente nem chegue nos próximos meses.
Esse padrão de chuvas escassas foi somado com intensas e frequentes ondas de calor que chamaram a atenção durante praticamente todo esse ano na maior parte do país, uma combinação perfeita para as queimadas, isso porque o solo está seco, a vegetação está
Número de queimadas no país
O número total de focos de incêndios registrados disparou do ano passado para cá, e quando se olha a longo prazo, o número alcançado este ano é ainda mais assustador, porque o Brasil não chegava a esse patamar desde 2010.
A Amazônia e o Cerrado representam juntos mais de 79% dos focos registrados até o momento, são biomas que têm sido muito afetados pelas chuvas irregulares, escassas e pelo calor acima do normal. Além desses, tem a Mata Atlântica e o Pantanal que vem sofrendo junto.
No último fim de semana, cidades no interior do Brasil foram tomadas por uma grande quantidade de fumaça, o céu ficou vermelho, houve ‘chuva de terra’. A grande quantidade de fumaça vem das queimadas desenfreadas de várias partes do país, um cenário que traz preocupações para a saúde humana e animal.
Falando de estados, o número 1 no ranking nacional de queimadas feito pelo INPE continua sendo Mato Grosso com um total de 20.725 focos registrados. Em seguida, vem Pará, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Tocantins para fechar os 5 estados com maior registro de incêndios.
Estiagem pode agravar situação
Com a aproximação da primavera é gerada uma expectativa de que o período seco está chegando ao fim, porém, o período úmido pode atrasar este ano, em que as primeiras chuvas não estão previstas para setembro e sim para o fim de outubro.
Com atraso do período úmido este ano, o número de queimadas no Brasil pode atingir recordes ainda maiores. Os focos de incêndios vão continuar preocupando cidades e lavouras, e as nuvens de fumaça ainda serão uma triste realidade nos próximos dias e semanas.
O modelo de confiança na Meteored, o europeu ECMWF, aposta nesse atraso do período úmido, onde a tendência é de chuvas abaixo da média tanto nesses últimos dias de agosto, como nas primeiras semanas de setembro.
Chuva
Projeção do modelo europeu ECMWF mostra tendência de chuvas abaixo da média nas próximas semanas em grande parte do Brasil. Fonte: ECMWF
Por mais que exista uma possibilidade de melhora na segunda quinzena de setembro, a chuva ainda não virá de maneira regular, bem distribuída e duradoura. Na média, o mês deve fechar com anomalia negativa em quase todo o Brasil.
Calor
Mapa mostra tendência de instalação de uma nova onda de calor logo no comecinho do mês de setembro sobre o Brasil central. Fonte: ECMWF
Isso abre margens para outras ondas de calor que aumentam os riscos de incêndios. O mapa acima mostra que existe possibilidade para uma nova onda logo no comecinho de setembro, em que desvios de temperatura podem chegar até 7°C acima do normal sobre as áreas em vermelho.
Como será o clima em setembro
Agosto de 2024 vai terminando com chuvas acima da média climatológica no centro e sul do Rio Grande do Sul e do Pará, mas em praticamente todas as outras áreas do Brasil, choveu menos do que costuma ser registrado nesta época! Principalmente na Amazônia e sobre os outros estados do Sul (Santa Catarina e Paraná), a quantidade de chuva foi bem escassa. Em relação às temperaturas, apesar de ondas de frio notáveis (que causaram neve no Sul do país e até episódios de friagem), o que predominou em agosto foram as temperaturas acima da média em praticamente todo o país.
Todo o Brasil deve ter um mês de setembro com chuvas abaixo da média. Ao mesmo tempo, o calorão continua, com temperaturas até 5°C acima da média em grande parte do Centro-Oeste. Situação muito preocupante, que pode agravar ainda mais a situação de seca e a ocorrência de queimadas em várias regiões do país.
O mês de setembro marca o início da primavera no Hemisfério Sul, e normalmente voltam a ocorrer no Brasil Central chuvas mais frequentes e melhor distribuídas. Ao mesmo tempo, temos geralmente a diminuição da intensidade das massas de ar frio. Esta é a situação climatológica – mas como deve ser setembro de 2024?
A região central do Brasil costuma aguardar ansiosamente o início da estação chuvosa, no próximo mês. Porém, as previsões climáticas do Copernicus Climate Change Service não são muito animadoras: praticamente todo o país deve ter um setembro mais seco do que a média. Tanto este modelo, como também o modelo climático norte-americano indicam que as regiões onde este sinal de menor chuva será mais intensa é no leste da Amazônia. Além disso, é importante ressaltar que ambas as previsões trazem chuva de normal a abaixo da média para toda a região Sul no período.
A menor quantidade de chuva vem acompanhada de altas temperaturas: os modelos mostram intensas anomalias quentes, principalmente sobre o Centro-Oeste brasileiro. Na maior parte das regiões Sul e Nordeste, as temperaturas também ficam acima da média, porém não tanto quanto na região central do país.
O modelo ECMWF, em sua previsão estendida, indica apenas uma massa de ar frio mais relevante para atuar em setembro, na última semana (entre 23 e 30 de setembro). Mesmo assim, a temperatura só ficará mais amena na região Sul, e não deve ser um sistema que trará muita chuva.
(*) Informações do portal Meteored
Fotos: Reprodução – Meteored