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Em apenas um dia, Pantanal tem mais incêndios do que todo mês de julho de 2023

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Número de focos de incêndio no Pantanal em um dia chega a 176, contra 126 focos nos 31 dias de julho do ano passado

Manejo integrado do fogo, regulado agora em lei federal, já vem sendo adotado no Estado há alguns anos com resultados positivos no combate aos incêndios florestais no Pantanal

Por Agência 24h*

As agências meteorológicas que acompanham a escalada dos incêndios no Pantanal mostram uma situação preocupante enfrentada pelo bioma desde o final do ano passado. Segundo levantamento divulgado pela Meteored, no último domingo (28), foram registrados 179 focos ativos de calor, número 42% maior que o total de incêndios registrados durante todo o mês de julho de 2023.

  • Em julho de 2023 foram registrados 126 focos de incêndios, enquanto que no último domingo foram notificados 176 focos.

O mês de julho é considerado o terceiro pior em relação a quantidade de focos de incêndio desde o início do monitoramento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1998. Em julho de 2020, o pior ano para o Pantanal, foram 1.684 queimadas, em 2005 foram 1.259 focos e em 2024, até o último dia 30, foram 1.158 focos.

O Pantanal já registra 4.696 focos de incêndios até o último dia 30 de julho, e em todo o ano de 2023 foram registrados 6.580 focos. O número de focos deste ano já é considerado o segundo maior dos últimos 15 anos, e a combinação dos baixos acumulados de chuva, o acúmulo de matéria orgânica e da baixa umidade, ajuda a intensificar e espalhar os incêndios no Pantanal.

Neste ano, a seca chegou antecipadamente ao bioma Pantanal, pois, climatologicamente falando, os incêndios se concentram entre agosto e outubro, período considerado seco, com um pico de focos de incêndio no mês de setembro. Ou seja, ainda no primeiro semestre do ano, o Pantanal já estava praticamente seco.

Cada vez mais seco

Outro fator crítico é a diminuição dos corpos d’água presentes no Pantanal, o que torna o bioma mais seco e mais propenso a novos incêndios. Desde 2018 o bioma vem apresentando redução na superfície de água, e a extensão do corpo d’água anual do Pantanal, cerca de 6 meses do ano, foi de 383 hectares em 2023, representando uma perda de 61% em relação à média.

Batalha – O combate aos incêndios no Pantanal envolve uma grande operação montada pelo Governo do Estado com amplo suporte operacional do Governo Federal, através do Ibama/Prevfogo, Exército, Marinha, FAB, Força Nacional e Polícia Federal. O Estado montou bases do Corpo de Bombeiros em áreas estratégicas e opera com suporte de bombeiros, militares, brigadistas e voluntários. A ação integrada mobiliza mais de mil pessoas em operações terrestres, fluviais e aéreas.

Destruição – O Pantanal já teve mais de 900 mil hectares consumidos pelo fogo neste ano, segundo levantamento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ). A área completamente destruída representa 6% de todo o bioma. De 1º de janeiro até o dia 29 de julho, foram 907.150 hectares queimados em todo o bioma, que compreende os dois estados – MS e MT.

Somente no mês de julho o bioma registrou 1.015 focos de calor, sendo 87% em Mato Grosso do Sul com 890 focos, conforme o Inpe.

Queima controlada

Sancionado na quarta-feira (31) pelo Governo Federal, a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo coloca em prática ações em que Mato Grosso do Sul – impactado pelos incêndios florestais em 2020 – foi pioneiro no país, adotando um plano específico de MIF (Manejo Integrado do Fogo) ainda enquanto a política nacional estava em tramitação e discussão.

Com diretrizes para o uso controlado do fogo em atividades de manejo de vegetação como forma de prevenir a ocorrência de incêndios florestais, assim reduzindo os danos causados e aumentando a capacidade de seu enfrentamento, o MIF permitiu uma resposta mais eficaz e integrada às emergências ambientais.

Este avanço se consolidou com a criação do Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo (Pemif), instituído pelo Decreto nº 15.654, de 15 de abril de 2021.

Esta ação reflete um esforço coordenado do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e do Corpo de Bombeiros, em parceria com a superintendência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Estado.

“O Ppemif introduziu uma série de medidas para a prevenção, preparação, resposta e responsabilização em relação aos incêndios florestais. Uma das inovações mais significativas foi a criação da Sala de Situação de Informações Sobre Fogo, que centraliza dados e análises para auxiliar na formulação e execução de políticas públicas. Este centro de monitoramento permite uma resposta rápida e eficiente, integrando diversas agências governamentais e a sociedade civil”, informa o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

O manejo do fogo em Mato Grosso do Sul abrange uma ampla gama de práticas, incluindo a realização de queimadas controladas e prescritas, que necessitam de autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

“Essas práticas são essenciais para o controle da biomassa acumulada, reduzindo o risco de grandes incêndios florestais. Além disso, a implementação de aceiros durante o período chuvoso tem se mostrado eficaz na mitigação dos incêndios”, acrescenta Verruck.

Os investimentos em infraestrutura e capacitação foram fundamentais para o sucesso do Pemif. Entre 2021 e 2022, o governo estadual investiu cerca de R$ 55 milhões na aquisição de equipamentos e na formação de profissionais. Cursos especializados, como operações com drones e manejo de aeronaves remotamente pilotadas, foram ministrados para melhorar a capacidade de resposta dos bombeiros.

“O reconhecimento das ações de Mato Grosso do Sul vai além das fronteiras estaduais. O estado se tornou referência em monitoramento e combate a incêndios florestais, com elogios de diversas entidades ambientais e governamentais. A colaboração com a Nasa em projetos de monitoramento via satélite é um exemplo do uso de tecnologia de ponta para a prevenção de desastres ambientais”, comenta o tenente-coronel Leonardo Rodrigues Congro, assessor bombeiro militar da Semadesc e presidente do Comitê do Fogo (Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de Mato Grosso do Sul).

Congro reforça que a política de manejo do fogo em Mato Grosso do Sul também inclui um componente educativo, com campanhas de conscientização para a população, “campanha ‘FOGO: Mude os hábitos para a vida continuar’ busca informar e engajar a comunidade na prevenção de incêndios, destacando a importância de práticas seguras e responsáveis”.

(*) Com informações das agências e institutos meteorológicos, Inpe e Governo de MS
Fotos: Divulgação – Secom-MS

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